A creche e a família são dois ambientes que se complementam, ambos dão continuação ao trabalho realizado por cada um, transmitindo à criança uma maior segurança.
Oliveira, 2014, p. 10
A família é o primeiro espaço educativo onde as crianças são criadas e educadas. Para tal, esta deve proporcionar contextos educativos por forma a construir e consolidar a sua própria personalidade, adaptando-se à vida social. Depois da família, cabe à escola ser o agente de educação e socialização, complementando todo o trabalho desenvolvido pelos pais ou daqueles que os substituem.
A separação da família pela primeira vez pode ser difícil para uma criança, mas é certamente benéfico à medida que ela cresce. Todas as crianças devem ter oportunidades de brincar e socializar com os seus pares, uma vez que essas experiências oferecem oportunidades de aprender sobre si mesmas e sobre as pessoas que as cercam. Para as famílias, deixar uma criança tão pequena ao cuidado de outras pessoas pode trazer dor e momentos angustiantes, associados a medos e dúvidas, devido à forte ligação nos primeiros meses de vida do bebé. Mas também é uma necessidade social porque os pais precisam de trabalhar e frequentemente não têm uma rede social para ficar com as crianças.
O primeiro dia da creche geralmente acontece assim pais e crianças choram enquanto os educadores tentam ganhar a sua confiança. Cada um segue para o seu lado a partir dai e um portão separa a família e a escola. Esta divisão é comum, mas a colaboração de todos é essencial para garantir o desenvolvimento holístico das crianças. Os seus primeiros anos de vida têm um grande impacto na sua formação, de acordo com várias pesquisas. A educação, seja em casa ou na escola, desempenha funções complementares e também precisa de compartilhar responsabilidades neste contexto.
Uma relação de confiança entre a família e a escola ajuda as crianças a se sentirem mais seguras enquanto exploram o mundo e encontram a sua própria identidade. Quando os pais confiam na instituição educacional e participam da educação, estes valorizam as descobertas dos filhos e dão continuidade às experiências que eles vivem na escola e fora dela. De forma semelhante, a escola também ajuda a fortalecer as relações familiares e incorporar aprendizagens relacionadas ao seu contexto.
E preciso que a instituição crie espaços para a troca com a família, tanto no dia a dia como em momentos específicos. Nesta parceria, há informações importantes que a família precisa contar ao educador, entre elas aquelas que são relevantes para o dia da criança na creche. O mesmo vale para a creche, já que há fatos relevantes que precisam ser compartilhados com a família no final de um dia na instituição. A participação da família na vida do grupo melhora o ambiente educacional. A vinda das famílias à sala para participar em atividades, eventos ou colaborar nas atividades diárias permite que crianças e adultos construam relações fortes e seguras. Isso aproxima a família do ambiente escolar, bem como da família ao grupo e a cada criança individualmente. Do ponto de vista da criança, ter um familiar na sala é uma experiência significativa não apenas emocional (pois permite que ela se sinta valorizada pela sua individualidade) mas também social (pois as pessoas mais próximas demonstram confiança na sala e nos adultos de referência).
Os benefícios da participação das famílias são indiscutíveis. Colaborar não é apenas ir às reuniões de pais, é “ajudar a resolver problemas ou intensificar e melhorar uma relação” (Marques, 2001, p. 30), fazer alguma coisa em conjunto que pressuponha uma comunicação prévia e onde haja reconhecimento da importância da participação de todos os atores.
A participação dos pais traz também benefícios, quer para os pais, como para os educadores.
Relativamente aos pais, ajuda-os a compreender melhor o esforço e o trabalho dos educadores ajuda os pais a desempenharem melhor os seus papéis, ou seja, incentiva os pais a serem melhores pais; aumenta a sua influência; auxilia no crescimento de informação e de materiais de formação e ainda aumenta os sentimentos de autoestima, da influência e da motivação para continuarem a sua própria educação. Quando os pais se disponibilizam e se voluntariam para realizar atividades com as crianças, mostram que têm confiança na instituição, acreditam no trabalho dos educadores, valorizam mais a educação dos seus filhos e desenvolvem competências educativas e cívicas que lhes são úteis em muitos contextos diferentes.
Desde o dia em que nascem, as crianças vivem numa família que dá forma os suas crenças, atitudes e ações. Ao tentar compreender e respeitar a família de cada uma delas, vamos encorajá-las a verem-se, a si próprias e aos outros, como sendo pessoas de valor e membros participantes da sociedade.
Hohmann & Weikart, 2009, p. 99
Fontes e Bibliografia:
Hohmann, M. e Weikart, D. (2009). Educar a criança. Lisboa: Fundação C. Gulbenkian.
Marques R. (2001). Educar com os pais. Lisboa: Editorial Presença.
Oliveira, M. (2014). Envolvimento Parental em Creche: A sua importância para a criança.
Dissertação de Mestrado em Educação de Infância: Especialização em Supervisão e Pedagogia
da Infância. U. Minho.