A importância do trabalho sensorial na creche

trabalho sensorial capa

A criança inicia a sua compreensão do mundo através da exploração sensorial. Serrano (2016) refere que a vida da criança, ainda na barriga da mãe, é fortemente ligada às sensações.
Tal como Roldão afirma:

“ao nascer, esses estímulos sensoriais aumentam exponencialmente e (…) atingem o cérebro de uma forma nova e intensa, e nos próximos meses o bebé irá aprender a regular o seu comportamento a estas sensações e muitos anos a desenvolver competências para que o que sente do seu corpo e de tudo o que a rodeia faça sentido e lhe permita agir sobre ela de forma adaptada”

Roldão, 2019, p.17 citado por Serrano, 2016, p. 9

A teoria de desenvolvimento de Jean Piaget aborda a inteligência das crianças em quatro estádios:

– estádio sensório motor (0 aos 2 anos);
– estádio pré-operatório (2 aos 7 anos);
– estádio operatório-concreto (7 aos 12 anos);
– estádio operatório-formal (a partir dos 12 anos).

O primeiro mencionado é o mais importante para este artigo, uma vez que se direciona para a fase da creche. A criança, desde que nasce até aos dois anos, aprende através da experiência direta com os objetos. É a partir desta interação, por meio dos sentidos, que os seus primeiros esquemas mentais vão surgindo e a aprendizagem ocorre, ou seja, quanto mais ricas forem as experiências proporcionadas à criança nessa primeira fase, mais fácil serão as aquisições e desenvolvimento posteriores.

Serrano afirma que:

“Quando a criança toca, ouve, saboreia, vê, cheira ou se movimenta, discrimina essa sensação dando-lhe um significado, atribui-lhe uma experiência afetiva e armazena nos “ficheiros” cerebrais a informação, para que mais tarde a possa utilizar formando aprendizagens cada vez mais complexas.”

2016, p 10

A aprendizagem nesta faixa etária é decisiva se for por meio ativo e direto, pois são essas experiências que envolvem os sentidos e o sistema motor (importante nesta fase), que habilitam a criança com a compreensão e com a capacidade de adquirir novos conhecimentos por meios diretos.

Atividades simples como:
– uma caixa sensorial,
– pintura livre com as mãos,
– exploração de diferentes frutas

São exemplos de momentos que ampliam as experiências sensoriais e potenciam o desenvolvimento cerebral e permitem recolher informações.

Conclui-se, assim, que a equipa educativa, tem um papel marcante na potenciação do desenvolvimento e da aprendizagem a partir da estimulação sensorial. Tal como a pedagogia Montessori respeita, as mãos da criança são a “porta de entrada” de informação para a entrada da criança, sendo esse, na creche, o principal recurso do educador.

Bibliografia:

Serrano, P. (2016). A Integração Sensorial no Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança. Lisboa: Papa Letras.

Roldão, V. I. de J. (2019). As experiências sensoriais na creche e no jardim – de – infância. Relatório de Projeto de investigação do Mestrado em Educação Pré-Escolar. Disponível em: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/29970/1/Tese_Vilma_Rold%C3%A3o_Vers%C3%A3o_Final.pdf

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